Após sofrer um grave acidente de moto que a deixou sem andar por quatro meses, a professora de educação física Priscila começou, por sugestão de seu antigo sócio, a frequentar um centro espírita na busca de se alegrar após tantos meses de convalescença.
“Através do centro comecei a realizar trabalhos sociais em um orfanato, onde me encantei por um garoto de dois anos e decidi entrar na fila de adoção para torná-lo meu filho”, lembra ela. Entretanto, a criança tinha mais três irmãos e o juiz não permitiu a separação deles para a adoção, o que impossibilitou o desejo de Priscila, que na época tinha pouco mais de 25 anos e teria de conciliar a vida de mãe sozinha de quatro crianças com a carreira.
“Com isso, acabei desistindo da adoção dessas crianças, que algum tempo depois foram adotadas por uma família italiana. Mas optei por continuar na fila. Passados três anos, recebi o contato de que havia uma criança precisando de uma mãe exatamente com o perfil que eu havia pedido: um menino, negro e com idade entre três e cinco anos”, relembra Priscila.
Foi assim que Geovane entrou na vida dela aos quatro anos de idade. Primeiro como visita em sua casa, depois com a guarda provisória que deveria ser renovada a cada três meses, depois a cada seis meses, até que a guarda definitiva foi concedida e eles se tornaram aos olhos da lei mãe e filho.
“Na época que a guarda definitiva estava para sair, Geovane já estava aprendendo a ler e escrever. Então, falei com a professora dele para que ela o ensinasse a escrever o nome que estaria em seus documentos assim que a adoção fosse oficializada. Tinha o desejo que fosse o meu sobrenome que ficasse registrado no seu primeiro diploma. Enquanto isso, paralelamente, fiz via sacra entre cartórios para que a nova documentação ficasse pronta a tempo da formatura da pré-escola”, emociona-se a professora.
Sobre as dificuldades da adoção tardia, ela explica que o começo foi bem difícil, mas nada que a ajuda da família, dos amigos, acompanhamento psicológico e a adoção da cachorrinha Mel não desse jeito e fizesse tudo ter valido a pena!
Entrevista e texto: Julia Corrêa Lázaro
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